No meu primeiro post aqui, já começo com um assunto polêmico.
A exposição fotográfica da artista norte-americana Nan Goldin, 59 anos, polêmica porque era para ter acontecido no fim do ano passado no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, mas um mês antes da montagem, a diretoria do museu “descobriu” que a artista possuía em sua obra fotos que envolviam uso de drogas e sexo. E, com a desculpa de ter um programa educativo, cancelou a exposição.
Por que Heartbeat tornou-se tão polêmica? Primeiro porque um museu se negou a mostrar, despertando a curiosidade do público. Outro motivo vem da própria obra: foi inovadora em um tempo que não se mostrava com freqüência o que a artista estava disposta a compartilhar. Nan Goldin saiu de casa aos 15 anos e aos 18 começou a fotografar. Formou-se em Artes em Boston e amiga da comunidade gay e dos transexuais retratou-os em seus trabalhos desde então.
Ela fotografou incessantemente o seu cotidiano na década de 1970, 80 e 90. Vemos nas imagens um mundo que raramente é habitué de museus. O uso de drogas e o sexo explícito são tratados de um ângulo tão íntimo e particular pela artista que só pertencendo aquele mundo para mostrar da forma que ela fez.
A exposição é dividida em duas partes, um conjunto de 15 imagens da série Paisagens impressos em Cibachrome (técnica que permite a foto ter uma maior qualidade em tons de cores, a imagem fica com mais nítida, mais real). Este conjunto de fotos já me deixou feliz de ter ido ver. E uma segunda parte que são três slides com a mesma temática, o mais famoso é A balada da dependência sexual, (ele foi apresentado na Bienal de São Paulo em 2010) trata de uma série de 720 imagens feitas entre 1981 e 1996 onde amigos da artista são mostrados em situações corriqueiras e outras nem tanto.
Para quem frequenta exposições, lê blogs de cultura e zapeia pela web, que pensa que verá na exposição algo inovador ou transgressor pode tirar o seu cavalinho da chuva. Nan Goldin não vai propor nada de espetacular. É apenas a vida, em espetáculo cotidiano.
De 9 de fevereiro a 8 de abril de 2012
Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
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